Um olhar superficial sobre a corrida ao Eliseu
O Arnaldo tem razão. O tema China e o Sínico, a par da carga de trabalho são factores que me têm afastado do "Além do Bojador". Afastado da escrita, não da leitura diária.
As presidenciais francesas são indubitavelmente um dos grandes acontecimentos políticos do ano na Europa. Entre as três opções em cima da mesa -partindo do princípio que Bayrou é um dos pratos da balança tripartida - apenas me causa um forte incómodo que Sarkosy venha a ocupar a cadeira do seu rival ex aliado Chirac. Não apenas por ser de direita,mas porque é acima de tudo neogaulista. Mais "liberal" que Chirac, mas ao mesmo tempo mais populista. Atente-se nas posições (oportunistas certamente) que toma face à imigração e à criminalidade. Será mera táctica para ocupar o espaço de Le Pen? Talvez.
Quanto a Ségonele Royal o que lhe sobra em forma falta-lhe em substância e coerência. Duvido também que seja a face da modernização da esquerda francesa.
Li há dias que esta "guinada" à esquerda recente se deve à necessidade de -lembre-se o que aconteceu com Jospin há cinco anos - ocupar o espaço mais à esquerda operário e de classe média urbana que poderá "cair" para os candidatos trotkistas, comunistas ou verdes. Antes tinha dado a entender que poderia ser um mão-severa, uma chefe de governo com mão muito dura face aos marginais. Em todo o caso, estando longe de Zapatero -esse sim da "esquerda moderna" - Royal parece-me ser o mal menor nesta equação.
Digo isto à distância. A 11 mil quilómetros, sem conhecido aprofundado (nem pouco mais ou menos) da realidade francesa.
Como europeu e europeísta desejo acima de tudo que quem ocupar a cadeira no Eliseu possa ter uma relação próxima e dinâmica com Berlim e com Londres para que a crise institucional que se vive na UE possa ter uma saída.
São estas as minhas modestas observações, entre leituras mais orientais que me consomem - com prazer - o tempo.