segunda-feira, 2 de abril de 2007

A Guerra das Malvinas

Assinalam-se hoje 25 anos do início da Guerra das Malvinas. Vale a pena recordar que a guerra foi uma tentativa desesperada de Galtieri preservar a ditadura militar argentina, que se saldou em quase 700 mortos do lado sul-americano, quase todos jovens soldados sem experiência, usados como “carne para canhão”.
O resultado é conhecido. A derrota argentina apressou o extertor da ditadura e concedeu enorme popularidade a Margaret Thatcher, então alvo de forte contestação em Inglaterra. Volvidos 25 anos, a discussão em torno das Malvinas ( ou Falkland para os ingleses) não está terminada. Embora por vezes o dossiê pareça estar encerrado, a verdade é que sempre que se aproximam eleições na Argentina, o tema volta à baila, dando a sensação de o arquipélago ser usado como trunfo eleitoral. Aconteceu quando Nestor Kirchner foi eleito presidente, em 2003, (relançou a questão da posse do arquipélago, tendo o assunto chegado a ser discutido nas Nações Unidas) e volta a suceder agora, a poucos meses de novo sufrágio, com o governo argentino a denunciar o acordo de exploração conjunta de petróleo naquele território, alegando que os ingleses não estão a cumprir a sua parte.
Em jeito de balanço, vale a pena lembrar que a guerra desencadeada pelos ditadores argentinos pela posse de umas pequenas ilhas do Atlântico Sul, teve efeitos profundos na Europa, na América Latina e no próprio palco de guerra.
A queda da sanguinolenta ditadura militar argentina teve efeitos positivos na democratização do continente sul-americano e marcou o princípio do afastamento entre Buenos Aires e Washington. Recorde-se que Galtieri contava com o apoio de Reagan, que no entanto lhe roeu a corda à última hora, para apoiar Thatcher. Esta “traição” dos EUA ficou cravada não só nos argentinos, como nos restantes parceiros sul-americanos.
Uma vitória de Galtieri teria traçado um rumo totalmente diverso no futuro da América Latina
A vitória da Inglaterra teve também efeitos no percurso da União Europeia. Thatcher era uma eurocéptica, mas estava a ser contestada internamente. A vitória fortaleceu a sua posição e premitiu-lhe manter o distanciamento face ao mercado único. É verdade que a Europa, com maior ou menor dificuldade, continua a cumprir o seu percurso, mas provavelmente tudo teria sido diferente se Thatcher tivesse sido obrigada a abandonar Downing Street, vergada ao peso de uma derrota.
Quanto às Falkland /Malvinas, território pouco mais do que miserável cuja população partia diariamente para outras paragens, em busca de melhores condições de vida, beneficiaram de um grande desenvolvimento após a guerra, com o turismo e a indústria a terem um papel determinante.