A libertação das reféns sul-coreanas
Há algo de amargo na libertação de mais oito reféns sul-coreanas no Afeganistão. E essa amargura obnubila a alegria legítima das famílias e de muitos compatriotas de as verem regressar a casa, sãs e salvas. É que a libertação foi feita à custa de cedências de um estado soberano e independente a um bando de salteadores de estrada que prosseguem, em nome de uma dada visão do Islão (o whabbanismo), o objectivo de sapar e derrubar o governo legítimo do seu país, matando quem podem no processo.
Segundo as declarações do lider taliban a Coreia do Sul comprometeu-se a retirar o pequeno contingente de soldados do Afeganistão que integra a força internacional sob comando da NATO até ao fim do ano, a pagar um elevado resgate (cujo valor ainda não é conhecido), comprometendo-se a impedir missionários cristãos de voltarem ao país. Significa isso que o governo sul-coreano reconheceu os terroristas como interlocutores válidos, deu-lhes força para repetirem a experiência, no futuro, promovendo-os aos olhos dos partidários sanguinários do islamismo radical, Osaba Bin Laden e os seus correlegionários, como os campeões do Islão. O estado cedeu aos bandidos por razões humanitárias legítimas.
Como é evidente ainda que esta questão se resolva, o problema agravar-se-á nos próximos meses. No Afeganistão, como no Iraque, os partidários da guerra santa (fatwa) contra os cruzados podem voltar aos seus planos de espalhar o terror e o medo pelo mundo e humilharem os infiéis (nós). Venceram esta batalha.